quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Monólogo de Carla com dor de cabeça

Carla voltou à vivência em uma experiência bem comum.







(Um bocejo). E tudo começa: Hummm, sono.... (outro bocejo) fora do normal, dormi cedo, a noite toda, levantei no horário normal, droga, vai dar dor de cabeça, tomara que não comece a ver estrelinha, porque aí fudeu. (Outro bocejo). Que será que comi que pudesse ter feito mal, não comi nada demais... Talvez chocolate ontem, mas aí deveria ter começado ontem mesmo. Talvez a janta, mas foi peixe, sem óleo e com legumes... Talvez os legumes, rsrsrsr, já que sou estranha, para todos linhaça solta o intestino, pra mim prende.... Precisava dormir, ao meio dia vou cochilar um pouco. Meu raciocínio está lento, não consigo processar as informações na velocidade normal... Vai doer muito. Vou tomar remédio já, mas qual? Humm, vou tomar um de cada. Deixa ver o que tenho na bolsa, um para o estômago, um para o fígado, um para dor de cabeça e um para dor em geral, se isso não me matar deve ajudar...
A dor começa: Como pode, mesmo tomando remédios a dor começar, já estou grogue, a língua meio travada, tomara que nenhum contribuinte pense que estou trabalhando bêbada. Que droga, mesmo com dor meu cérebro não para, está hiperativo. Esse é outro sintoma. A dor está ficando forte, preciso silenciar minha mente. Vou almoçar para o meu estômago não derreter com essa coisarada e tirar uma soneca ver se ajuda. Só consigo dormir se minha mente silenciar: cala boca, não quero te ouvir, para de pensar. Mas como não fica quieta vou pensar em algo silencioso. Origami,vou dobrar mentalmente origamis......
(Um sobressalto) Opa onde estou?? Perdi a hora?? Ai minha cabeça.... Ahhhhhhh, não, é meio dia, estou com dor, cochilei e essa droga não passou. Quero ir embora, tomar um banho. Já é hora de voltar a trabalhar.
Quatro horas mais tarde: se chegar em casa viva vou tomar um banho de duas horas. Vou sair mais cedo, pegar a circular, não vou conseguir ir caminhando.  Não vou melhorar nunca se não parar de pensar. Também, cada passo parece uma martelada, fora o calor está infernal, já comecei com ânsia. Preciso chegar logo no terminal para sentar, tomara que não vomite no caminho, pelo menos tenho sacola na bolsa. Preciso parar de pensar. Desliga ou delisga, como diz a Amanda. Que saudade deles, mas ainda bem que estão passeando, não conseguiria cuidar decentemente deles... Não consigo compreender a existência de deus, pelo menos não do deus cristão dos milagres que protege as inocentes crianças, porque nunca ele sequer amenizou minhas dores quando rolava no chão da sala implorando para passar ou para morrer. Sempre tive muita fé, mas não conseguia entender que justiça havia em eu ter dor de cabeça. Talvez fosse porque assistia novelas escondido do pai, o quê, para ele, era pecado. Mas não era só quando assistia novela que doía minha cabeça... Deveria ser porque sempre fui teimosa e fazia Jesus chorar... Para de pensar Jaque. Pelo menos agora sei que é tudo consequência de algum ato passado, melhor nem saber, só pagar minha dívida. Quase chegando... Precisava limpar, lavar a calçada, a louça, roupa. Que ânsia, acho q não vai dar.
Quanta poeira, não vou nem olhar, se me sentir melhor amanhã dou um jeito, tomara que não chegue visita, vou pegar toalha limpa, a água está uma delícia, vou ficar horas, embora que não deveria, a conta de luz vai vir exorbitante, e o meio ambiente.... Não gosto de desperdiçar água, limpinha indo pro ralo.... Melhor sair. (Desliga o chuveiro) Não precisava começar latejar tão rápido. Vou voltar mais um pouco, a natureza que me perdoe.... Devo estar louca mesmo, deve ser excesso de remédio, melhor me controlar, se me matar só vão me achar quinta a noite. Preciso sair do banho. Secar direito os dedos do pé, acabei ficando com frieira por causa dos intermináveis banhos durante a madrugada na última crise... Que ânsia. Preciso desligar minha mente, não vai melhorar enquanto estiver agitada, vou deitar de pijama, porque se qualquer coisa acontecer ninguém vai me encontrar nua. Credo... Origami, origami, origami, dobrar com cuidado, paciência, silenciar a mente... dormir... acho que o outro remédio....

sábado, 17 de dezembro de 2011

Arriscar



Por que quando a gente decide arriscar a mente esvazia? Por que justamente no momento que deveria me sentir mais vivam minha mente se cala? Por que quando decido viver pela emoção é a razão que toma conta de todo meu pensamento? Inclusive Carla adormeceu e perdeu a hora para suas aventuras.
Sair da zona de conforto e da segurança que tão trabalhosamente conquistei, ao invés de me tornar romantizada me tornou racional. Sinto frio na barriga, aquela sensação gostosa de quando se vai fazer algo inédito e automaticamente meu cérebro processa que é preciso manter o planejamento à risca de modo a minimizar o risco de erros e falhas. Nem parece que estou falando de um sentimento romântico, que muitos jamais sentirão, outros mesmo que sintam não tem coragem para deixar crescer.




E só em mim que sentimento e razão conseguem existir assim: quando vivo a razão o sentimento toma conta da mente, quando vivo o amor a lógica domina todo o processo cerebral. Estranha loucura inconstante que vivo e se não fosse assim, certamente não me reconheceria. Mas que é esquisito, é!


segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Dois Sóis


Adoro esse poema, já leio ele há mais ou menos dez anos e ainda fico impressionada com  o amor que ele transmite.
 
Dois Sóis


Hoje eu contemplei o crepúsculo,
E a tristeza que a muito habitava meu coração
Foi-se embora sem rumo.

Vejo os últimos raios de um sol brilhar e
Lembro-me de uma voz que me aquece tão igual a ele,
Uma voz que me reincida a amar.

Mas a quem pertence essa voz tão especial?
Quem é essa pessoa que ao olhar do pôr-do-sol,
Me permite fazer uma comparação de beleza natural?

Ah, sol que resplandece sobre meu semblante,
Penetre em meus olhos e procure em meu âmago
A resposta para essa pergunta angustiante.

Por que sinto tanto a falta dela?
Eu nem mesmo me refleti
Perante o espelho de tal alma e vice-versa.

E o meu conhecimento sobre seu corpo em si,
É tão pobre quanto ao conhecimento dos homens
Sobre os planetas em volta de ti.

Ah, meu amigo de brilho secular,
Vejo-lhe agora no horizonte apenas em meio,
Mas espere um pouco mais para que outras comparações eu possa lhe falar.

Assim como seu corpo o dela nunca foi explorado ou violado
A nem um homem da Terra foi permitido tal privilégio
Só um ser divino pode tocá-la, (e ela ainda o espera) um ser de asas prateadas.

Portadora de uma voz que transborda palavras radiantes,
É capaz de, com as suas poesias,
Ascender me mim brasas flamejantes

Agora posso perceber que sobre o meu mundo
Não paira um, mas dois sóis
Cujo o segundo eu ainda não consegui saber da onde é oriundo


Vejam só, a estrela mais brilhante sumindo ao céu,
E as cores do infinito vão mudando de azul e branco,
Para os embriagantes tons pastel

Vá meu amigo e aqueça outra multidão,
E me deixe agora a contemplar as estrelas e sonhar com essa voz doce
Que mesmo estando tão longe como ti aquece meu corpo e o meu coração.

Leve com você, estrela rei, esses segredos então.
E assim como o segundo sol, agora minha estrela rainha,
Deixe-me aqui viver na solidão.

Davi M. Mello.


 

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Perdida




Estou me tornando rabugenta e isso me assusta.
Toda essa minha metamorfose me amedronta, mal consigo me adaptar e gostar do meu eu, já vem a lagarta querendo virar borboleta novamente. Dessa vez a lagarta não se tornou uma linda borboleta de vida efêmera com cores brilhantes que apaixonam. Dessa vez se tornou uma mariposa, algo meio cinza, sem muita alegria, que mais assusta do que apaixona. Mas mesmo a mariposa tem seu valor, e é isso que estou buscando agora. Encontrar meu sentido, meu valor como mariposa, antes de uma nova fase chegar.
Não gostei muito de estar sem cores, sem vivacidade, sem toda a expansividade, sem muitas palavras, sem tumultos, mais ouvinte, menos falante, optando por um olhar ao invés de palavras. Me desconheço. Me desconheço ficando incomodada com perguntas de idosos sobre onde as crianças estudam quando estamos na lotação. Me desconheço incomodada com conversas superficiais, queria algo que pudesse me levar a uma reflexão para me tornar melhor. Onde encontrar conversas assim no dia-a-dia corrido?? Então opto pelo silêncio.
Todo esse inédito ser assusta as pessoas que convivem comigo, que não entendem minha essência de mudança. Que uma pessoa de encontros e desencontros em mim. Explicar é impossível e entender é desnecessário, aceitar é o que eu gostaria das pessoas que amo, mas elas insistem em questionar o que há de errado em mim. Não há nada de errado em mim, eu que sou assim, toda errada.
Embora que nada disso é realmente novo, porque eu não sei quem na verdade sou, e isso já perdura 27 anos, a novidade é apenas em como estou perdida. Às vezes estou perdida pensando ter me encontrado, às vezes estou perdida desesperada por me encontrar, às vezes estou perdida, mas perdida mesmo, sem rumo nenhum ou, como agora, que estou perdida, ciente de estar perdida, apenas porque meu corpo está num lugar e meu coração em outro.


segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Uma Saudade




Hoje, dia 28/11 é uma data que me remete a uma reflexão sobre a maior perda que tive. Não são todos os anos que lembro. Porque sou assim, perdida no tempo e espaço e para mim o que tem valor é como me sinto e não que dia é e o que ele deveria representar.
Então me sinto saudosa já faz algum tempo e, quando essa saudade parece que vai me sufocar é o momento de escrever.


 Foi uma morte repentina, sem nenhum tipo de aviso prévio. Mal soube que naquela semana ele não estava se sentindo bem, não sei se isso aconteceu porque era egoísta demais para perceber que havia vida, e logo possível morte ao redor de mim, ou por ser nova demais não mereci créditos para saber o que acontecia na família. Isso não importa, mas incomoda e sempre vem à tona porque não percebi? Teria feito algo diferente?
Talvez a única coisa que tivesse feito diferente teria sido restituir ele de um chocolate que presenteei, ele não comeu e eu acabei comendo dividindo com uma amiga. A culpa dessa gula por vezes me faz pensar. Mas como conheci a essência da alma bondosa dele tenho certeza que não há importância, porque para ele o que tinha valor era o estado de paz que ele gostava de viver. Não permitia ficar aflito por nada e isso por crer que tudo provinha da bondade de Deus. Além de ter uma singular facilidade de deixar o passado no passado. Certamente esse fato não teve pra ele a importância que teve para mim.
Sinto saudade do olhar, jamais vi em outros olhos aquela paz. Sinto saudade da mão calejada do serviço pesado, do cheiro de óleo, da comida que fazia, do café, do tom de voz, dos “causos”, de como se sentia feliz com as coisas simples da vida. Se sentia feliz em poder descansar à sobra de uma árvore, tomar chimarrão, viajar, comer algumas coisas que gostava, gostava de picolé. Gostaria de saber qual era seu sabor favorito, gostaria de saber sua cor favorita. Gostaria, principalmente de compartilhar a mesma fé. Consigo sentir felicidade pura em coisas simples, mas não consigo sentir a mesma fé que ele tinha, e esse era o principal valor que queria nos passar.
Lembro que faz poucos meses que consegui acreditar que dinossauros existiram, mesmo com todos os achado arqueológicos, simplesmente porque um dia ele disse que isso era bobagem, dinossauros não existiram, se tivessem existido, certamente a Bíblia citaria, se não estava na Bíblia, não tinha existido. Então percebi que eu tinha nele a mesma fé que ele tinha na Bíblia. Se ele dissesse algo, para mim aquilo era verdade, total e absoluta. Infelizmente não consegui passar a mesma crença sem questionamentos para Bíblia. Porque sempre fui, desde a mais terna infância (minha irmã me conta) a teimosa, a difícil, isso porque pensava, questionava, duvidava, queria experimentar, e apenas ao meu pai eu respeitava de forma cega, totalmente confiante.
 


Talvez tenha pouco dele em mim, mas tudo o que tenho de valores, de ética, de moral, de caráter, tudo mesmo veio do exemplo do que meu pai foi. Como disse, não tenho a fé que ele tinha, mas me conformo em ter desenvolvido um estilo de vida simples, buscando estar feliz e bem hoje, com o que tenho hoje. Em dizer a cada despedida aos meus filhos que os amo, porque pode ser a última, não que deseje, é claro; pelo contrário, é uma ideia que me desespera, mas por vezes penso nela, porque a vida é efêmera e tudo o que temos é o agora. Quando eu partir quero ter a certeza que a última coisa que disse para as pessoas que amo foi o quanto as amo, e ter sentido delas a recíproca. Esse despreendimento, essa posição de que a vida é fugaz e foi me dada como presente, mas não me pertence totalmente porque não tenho controle, cabe à mim aceitar e ser feliz com o que tenho nela foi um aprendizado que ele me deixou. É necessário explicar que aceitar não é se conformar, o conformismo preguiçoso, onde se pára de sonhar e passa a viver sem perspectiva, não é isso. Mas também não quero me explicar muito.
Hoje quero sentir saudade, escrever por entre lágrimas palavras que não expressam na totalidade, mas amenizam a saudade. Palavras que não representam mais dor, porque consigo visualizar que apesar da pouca convivência ele deixou em mim marcas profundas e brilhantes.




quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Carla e o Psiquiatra




Carla cansou de roer as unhas, comer chocolate, brigar sem motivo, chorar sem entender, dormir descontroladamente e resolveu procurar ajuda. PSIQUIATRA. Porque ela não tinha medo de admitir era louca. Louca, completamente insana, totalmente inadequada nesse mundo de valores deturpados onde se pesa totalmente o ter ao invés de ser.
 Carla buscou ajuda para tentar se enquadrar, viver de maneira mais ignorante e hipócrita como a maioria das pessoas com quem convive e, como elas, fingir publicamente uma felicidade intensa quando na verdade já estão completamente mortas por dentro.




Isso, Carla procurou o médico para morrer por dentro para continuar vivendo por  fora.
Primeira consulta: ele perguntou o que estava acontecendo. Carla ficou pensativa... Acontecendo..... Nada nunca acontecia em sua vida, tudo ela tinha que correr atrás e conquistar..... Respondeu simplesmente: Nada, me sinto um pouco triste, por vezes tenho vontade de chorar sem motivos, sinto muit.....
Ele interrompeu e disse: fluoxetina vai te ajudar, toma um comprimido pela manhã, logo após o café. Mais alguma coisa.
Carla meio decepcionada, tinha pensado que seria como uma terapia, que iria falar, chorar, gastar caixas de lenço, contar a infância triste e amargurada, como isso ainda a acorrentava e a mantinha prisioneira;  foi buscar o remédio. Começou a tomar e realmente se sentiu um pouco melhor.
Na próxima consulta Carla tinha decidido, iria falar, precisava falar. Mas, mais rápido do que a primeira vez Carla estava com a receita em mãos para mais quatro meses. Com indignação trocou de médico.
Primeira consulta, de novo. O médico perguntou sobre as consultas anteriores, Carla respondeu tranquilamente, mas a primeira pergunta de cunho pessoal a desconsertou: Com quem você mora???
Com quem moro??? Ninguém. Ninguém??? Que triste, você deve ser tão amarga, solitária não mora com ninguém, se você morrer a noite será encontrada morta apenas quando no seu trabalho acharem estranho você faltar sem dar notícias por uns dois dias. Se for no final de semana, vixi, já estará em estado adiantado de decomposição. Foi o monólogo que passou rapidamente pela sua cabeça.



Ele chamou Carla à realidade, enfatizando a pergunta. Carla respondeu apenas “eu mora só”, sem todas as angústias que lhe passaram pela cabeça. Depois disso, ela não lembrava ao certo como decorreu a consulta, tinha lembrança apenas dela estar exteriorizando palavras enquanto ele olhava e ouvia com atenção, com certeza deveria ser alguma múltipla personalidade agindo porque Carla só conseguia pensar em “com quem você mora?” e o que isso representava.
Sua personalidade múltipla deveria estar deprimida, porque ele aumentou a dose da fluoxetina, enquanto Carla conseguia apenas pensar.....
Morar só representava tantas coisas, não apenas ruins, mas muitas coisas boas que Carla percebeu que não usufruía. Morar só representa ter autonomia financeira, representa independência, que vem coladinha com responsabilidade e isso bastou para ver o quanto Carla era infantil e imatura, aprisionada por correntes apertadas de um passado que existia presente em sua mente.
Quando planejava viajar ficava com receio de comunicar sua mãe e ter que ouvir dela comentários de como não se deve gastar, isso enchia o saco e fazia Carla se sentir cometendo um erro. Lembrou que da última vez que viajou se sentiu pressionada por si mesma a ligar avisando que estava saindo e que estava tudo bem. É claro, existe uma natural preocupação por ser família, mas não obrigação, como era a maneira que se sentia.
Continuou sua reflexão, há muito tempo Carla sentia vontade de mudar de cidade e estava protelando a decisão. Por que? Simples, porque seria uma ofensa pessoal à sua mãe ela querer viver em outra cidade, com melhores oportunidades. Quanta pressão que ela permitia ter, não era sem motivos que no fim do dia ela sentia que o peso do mundo estava em seus ombros. Não se permitia decidir por si, vivia cobrando um comportamento agradável aos outros e não a sua felicidade.
Foi com um sorriso no rosto que resolveu se despir da obrigação de ser perfeita, agradável, boa, íntegra, correta, responsável para cultivar valores que tenham importância para ela.
Resolveu ser pefeita, agradável, boa, íntegra, correta, responsável e ter valores importantes conforme seu conceito. Assim, descobriu que o psiquiatra realmente ajudava, não só com medicamentos, mas fazendo a pergunta certa, mesmo que sem querer. E que não precisava morrer por dentro, era possível ser feliz na íntegra porque os valores que o mundo não tem, não podem ter maior importância do que se é na essência.





segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O Amor




Não me atrevo a tentar definir o amor, não consigo sequer transmitir em palavras o que sinto. Toda  vez que tento, fico reticente, achando que no meu limitado e insignificante vocabulário não há nenhuma palavra que expresse o sentimento sublime que tenho. Essa busca pela definição, ou apenas pela expressão na intensidade real do que sinto me gera uma ansiedade. Uma ansiedade sem sentido, afinal o amor que sinto, só eu sinto e para mim não precisa de definições, pois está na alma, na pele. Mas vejo o outro tentando também definir, expressar, com menos palavras do que eu, é claro, o sentimento que lhe aquece o coração. Me sinto cúmplice porque não consigo saber o que ele sente, como sente, de que maneira sente, mas me entrego ainda assim, de olhos fechados, na confiança de que o que quer que seja que vem dele é tão sincero e intenso quanto o que vem de mim. E a cumplicidade aumenta quando percebo a entrega pura, sincera e desapegada com que abre sua vida para mim. Depois disso, me sinto deusa, deusa do amor, da felicidade intensa, que tem como cúmplice uma alma pura que me ensinou o sentido de ser unidade e amar ao mesmo tempo.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Carla e o Espírito




Um dia Carla morreu e descobriu que se continua viva!
Quando criança Carla era muito arteira, num dia de sol sua família foi passear num parque, com um almoço gostoso e companhias legais (puro clichê de família do interior). As crianças foram tomar banho de açude, uma delícia, as maiorzinhas com a responsabilidade de cuidar das menores, algo que nem sempre funciona bem. E aí que começa uma das lembranças mais fortes da infância de Carla. Seu contato íntimo com a morte e sua volta para esse mundo.
Estavam todas as crianças brincando no açude, as maiores no fundo, as menores na beira, uma garota de tamanho mediano começou a brincar, chamando as menores, contanto que colocava um pé mais no fundo e voltava rápido para o raso, sem se afogar. Carla que é experimentalista em sua essência foi a primeira (talvez a única) das crianças menores a tentar a façanha.  Como era de se esperar não deu certo, as primeiras tentativas foram um sucesso, a sensação de poder, de dominar a água, afundar até quase o nariz e voltar antes de se afogar era incrível, mas isso até o pé de Carla ficar preso no barro no fundo, ela desequilibrar e cair. Depois disso o tempo para Carla mudou e o mundo se tornou só ela e a água.
Engoliu golões de água enquanto afundava, pensou em trancar a respiração, com isso o corpo começou a subir, quando tocou a superfície ela pensou que poderia respirar, inspirou com vontade, mas foi interrompida pela água novamente, rapidamente raciocinou que deveria tentar respirar na superfície enquanto seu corpo afundava lentamente, logo voltou a subir, esse processo se repetiu algumas vezes, quando finalmente Carla foi tragada pela água. Sentiu-se leve, o tempo parou e em meio a água turva começou a passar cenas dos momentos felizes. Foi rápido, Carla quis desfrutar das cenas por mais tempo, mas elas passavam rapidamente diante de si, não era possível degustá-las.
Em seguida, Carla viu seu corpo pequeno ser tirado da água por um dos adultos presentes, enquanto ele saia do açude Carla, que ficou flutuando de pé, viu seu corpinho ser carregado, desacordado, sua cabecinha com os cabelos pingando água e que o adulto que a carregava estava com uma calça jeans e com a carteira fazendo volume no bolso. O último pensamento que Carla lembra foi que o quer que tivesse acontecido, que tivesse motivado esse adulto vestido, com carteira no bolso entrar no açude para tirar ela era algo grave e provavelmente levaria a surra da sua vida.
Se levou a surra ou não, Carla não sabe. Sabe apenas que depois dessa data não houve mais esse tipo de passeio e todas as vezes que voltou a se banhar em açude foi escondida. E só ela sabe que tem uma ligação íntima com o outro lado da espiritualidade.


quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Eu já tive uma experiência de bunda.


A lotação é um local apaixonante onde se consegue muitas histórias.
Esperando ela no terminal estava em pé, distraída. A circular chegou, quando ergui meus olhos dei de cara com uma bunda. Não acreditei, pensei que era uma metáfora, sei lá, qualquer coisa. Olhei bem, era uma bunda mesmo. Não um cofrinho, uma bunda inteira. Se o cara se mexesse perderia a calça. Uma bunda, branca e peluda. Praticamente vi o cú do cara.
Tentei pensar e tirar a expressão de espanto da cara, mas o cara insistiu, levantou novamente para abrir a janela do outro lado do corredor. Pude ver a bunda por outro ângulo.
Meu cérebro que processa muitas perguntas ao mesmo tempo começou a refletir, sem me permitir tirar os olhos da bunda. Quando foi que em minha vida tive um cú tão perto da minha cara em plena luz do dia??? Não sei se alguma vez, mas em público, nunca. Nesse momento tomei consciência que haviam pessoas ao redor, olhei para ver se alguém tinha percebido minha hipnose, mas foi com alívio que percebi que todos tinham os olhos fixos na bunda e os queixos caídos. Tivemos uma experiência de choque coletivo. Cada um deve ter percebido, reagido e pensado de uma maneira única, mas ninguém ficou apático.
Fiquei então instigada a saber o que passou pela cabeça dos outros, imagino que histórias engraçadas surgiriam.

Ps.: sem imagem por motivos óbvios!

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Beijo




Estou sentindo falta de beijo. Não daqueles beijos que esquentam, excitam e deixam o coração descompassado, mas daqueles beijos livre, sem compromissos que vem naturalmente, sem cobranças. Daqueles que se consegue encontrar em uma única boca na vida toda, que por vezes vem com sabor de amor, daqueles que o tempo pára e você pensa que conheceu a eternidade num toque, numa boca. A partir de agora só se observa um suspiro apaixonado de uma adolescente que não consegue esconder que foi pega pelo cupido.


terça-feira, 13 de setembro de 2011

Carla e o Café




Carla sempre soube que café fazia mal, agitava, tirava o sono. Mas ainda assim, desde que Carla tinha lembrança ela gostava e tomava muito café. Ela não podia em nenhuma hipótese ser considerada um ser humano normal, porque café para ela não tirava o sono, não agitava, a única coisa que acontecia era deixar um gosto estranho na boca que lhe incomodava e a empurrava a tomar mais um.
Na vida de Carla o café tinha vários significados especiais e todos a remetiam ao seu pai, falecido. Às vezes gostava de imaginar que seu pai tinha pedido aos céus para ser o seu espírito guia depois que faleceu, gostava de imaginar que era ele quem sussurrava no seu ouvido para embarcar em determinada lotação porque a próxima poderia atrasar, que sussurrava em seu ouvido segredos que as demais pessoas não escutavam, que era ele quem a protegia dos espíritos menos evoluídos que ela atraia por não ser a pessoa mais positiva do mundo. E, café a fazia lembrar do seu pai.




Era seu pai que levantava cedo, colocava a água para esquentar. Quando estava quente, mas não fervente, para não queimar o pó; acrescia três colheres de sopa bem cheias, mexia, desligava o fogo. Algumas vezes uma borra de pó subia pelo gargalo da chaleira, seu pai a chamava para ver, ela lembra de umas duas vezes que isso aconteceu. Depois ele coava em um coador de pano, adoçava e colocava na térmica para tomar o dia todo. Um dia Carla levantou e seu pai estava jogando fora um bule inteirinho de café. Foi um choque para ela, afinal ele sempre tinha ensinado que desperdiçar comida (bebida, água, qualquer coisa) era pecado, e quem pecava ia ao inferno. O coração de Carla disparou, não poderia seu pai, tão bom, ir ao inferno por causa de café. Pai, porque está jogando fora?? E ele respondeu com a calma e ternura tão característica dele: tinha acabado de passar, quando fui adoçar pulou uma perereca de dentro, não sei como aconteceu, ela devia estar no bico, porque lavei antes de arrumar o coador, e café com perereca não dá para tomar, né? Imediatamente Carla se preocupou com a perereca, pai, ela se queimou? Acho que não, ela não é burra, quando começou a esquentar a danada pulou fora, e eu perdi uma passada de café. Bom, para Carla se a perereca não tinha se queimado, não tinha nada de grave acontecendo. Anos depois quando Carla estudou sobre os anfíbios e sua respiração cutânea, que por isso eles têm a pele úmida e sensível, lembrou da perereca, sentiu um pouco mais de piedade dela e achou que para a perereca já tinha dedicado pesar suficiente, procurou ignorar a história dali em diante.




Quando Carla chegou a adolescência, naquela época em que as meninas querem aprender a cozinhar achou que era o momento de aprender a fazer café. Correu até o trabalho do e perguntou: pai, como faço café??? Ele explicou pacientemente que deveria colocar três colheres de pó e seis de açúcar e fazer como já tinha visto ele fazer várias vezes. Teve uma breve recomendação: só cuida para não derramar pó no fogão para sua mãe não ficar nervosa quando chegar, depois me chama que quero tomar também. Naquele dia Carla se sentiu especial, faria algo para seu pai. Estava só em casa, então não precisava esconder a alegria que sentia e tão pouco disfarçar o brilho no olhar. Colocou a quantia de água que já tinha visto seu pai colocar e esperou ansiosa em frente do fogão enquanto a água esquentava. Quando chegou no ponto máximo que seu coração aguentou esperar a água esquentar acrescentou seis colheres de pó, desligou o fogo, procurou no bico da chaleira para ver se tinha formado a borra, não tinha, pensou que quando tivesse a experiência de seu pai conseguiria e começou a passar. Ao terminar adoçou e provou. Estava horrível, amargo, parecia que grudava na língua. Sentiu um leve desespero! Colocou mais várias colheradas de açúcar e provou novamente. Continuava amargo. Seu coração disparou, seus olhos encheram de lágrimas, como poderia oferecer um café desses ao seu pai, não conseguia imaginar o que tinha dado tão errado, mas não tinha escolha, tinha feito alguma cagada e teria que assumir.
Correu ao trabalho do seu pai e disse para ele, tentando com uma força de mulher maravilha não chorar desesperadamente: pai, sei lá o que aconteceu, não fica doce de jeito nenhum... Seu pai olhou para ela com um olhar doce e disse: vamos lá ver. Chegou em casa e provou e falou: Meu Deus, isso é café de colombo! Ela sem entender perguntou: café de colombo? Ele respondeu: sim, forte, muito forte, café de colombo, cada gole um tombo, e deu um sorriso contido. Só então Carla conseguiu relaxar. Perguntou por que não ficava doce e seu pai, antes de responder perguntou quantas colheres de pó ela tinha colocado. Ela disse: seis, oras, como você disse e três de açúcar. Ele respondeu: três de café e seis de açúcar. Ela com um tom de quem tinha finalmente entendido tudo disse: ahhhhhhhhhhhhhh.
A partir daí iniciou uma maratona de ideias de como consertar aquele café sem ter meia dúzia de litros. Não foi fácil, nem ficou bom, mas ficou em segredo. Sua mãe não poderia saber que ela tinha usado seu fogão para fazer café e ainda feito errado, certamente ficaria irritada. Carla que já tinha paixão pelo sabor acrescentou ao gosto tradicional a sensação de cumplicidade.



quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Apatia




Existem dias que são de pura apatia.
Existem feriados que são de pura apatia.
Buscam-se palavras para escrever e não se encontra, os textos ficam pela metade, as comidas perdem o sabor, a ociosidade é preguiçosa e não criativa, não há serviço a fazer, não há programa para assistir, não há música que agrade ao ouvido, nem voz que se queira, não há barulho que arranque sorriso ou arrepio de susto, não há presença que se deseje, não há livro que agrade, não há revista que atraia. Não há nada, é como existir no vácuo, no ponto de singularidade, perde-se a noção de tempo e espaço, se atravessa o corredor em segundos, mas parecem anos, as lembranças correm, as histórias fogem como se não existissem mais. Nem solidão, nem tristeza, nem alegria, nem angústia. Nem vontade de estar só, nem vontade de estar acompanhada. O café não tem o sabor atrativo mesmo estando do jeito que gosto. A água tem gosto de nada, nem de “água”. E, de repente se percebe. Se percebe apático.




Esses momentos são raros para mim, normalmente fico angustiada porque não gosto de passar por eles, gosto de sentir, de pensar, de ter um furacão em mim, essa é minha essência, uma alma cheia de pensamentos e aventuras. É só assim que aprendi a me conhecer, e quando encontro a apatia me torno uma estranha à mim. É estranho não sentir nada. Não sinto saudade, mesmo estando longe do meu amor, não sinto falta do sorriso da Amanda mesmo sendo ele a coisa mais bela que já vi, não sinto falta do olhar doce do Henrique mesmo sendo esse o olhar que mais perto chega da minha alma, que derruba todos os muros que construí para me proteger. Não sei, ao mesmo tempo que sinto tudo isso, porque não escreveria se não sentisse. Mas é um sentir diferente, apático que não exige a presença desses fatores. E, nesse ponto já não me reconheço, sinto uma leve vontade de me embriagar, talvez fumar um abominável cigarro, ou pular de bunjee jump, qualquer coisa que volte a fazer eu ser eu mesma, com toda a minha confusão, com todos meus conflitos, com todas minhas histórias fantasiosas de uma vida, ou várias vidas perfeitas, com todas minhas dúvidas, com todas minhas angústias. Para onde foram? Que vazio estranho é esse em minha mente. Me sinto cega, vejo o mundo com suas cores normais, com seus aspectos normais, não sinto nada especial, nada me atrai. Me sinto surda porque o vento nada mais é do que uma brisa refrescante, não traz sussurros de outros continentes, não carrega confissões e declarações de amor, estalo de beijo, nada, apenas o silêncio e a brisa refrescante. Para onde foram as vozes do vento? O sol não está quente, não causa o ardume característico do horário, para onde foram os raios quentes do sol que dão uma sensação de preguiça gostosa?
Para onde foram minhas ideias? Não encontro. Procuro e só vejo escuridão, as coisas estão organizadas, limpas na minha mente. Devo certamente estar em outra cabeça, porque não reconheço essa como minha, afinal se não há bagunça, tumulto, histórias, saudade, uma lágrima querendo sair para se pendurar na ponta do sorriso, não é definitivamente, minha cabeça. 




Então, feriado, não me reconheço, não vivo, estou passando apenas. Espero que essa apatia seja passageira, porque sinceramente me prefiro com energia, com intensa alegrias, ou tristezas. Com qualquer coisa, desde que seja intensa, desde que haja, qualquer mesmo, que me remeta à pessoa na qual me reconheço.
Hoje senti falta de mim, das minhas esquisitices, das manias, das neuroses, das dúvidas, dos medos, da saudade, das histórias, da minha essência. Hoje me sinto sem alma, pois há em mim uma apatia.



segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Zaluzejo - O Teatro Mágico

Show da Trupe em Cascavel/PR 

Outro dia, porque sou perdida no tempo e espaço, não lembro quando foi, surgiu um comentário no face da trupe O Teatro Mágico, que eu acompanho com orgulho, sobre como se escreve “ansioso”. Fiquei “com a pulga por de trás da orelha” e me perguntando: quantos “ansioso” escrito de maneira incorreta foi lido ao ponto de ser necessário comentar a grafia? Isso vindo de fãs de artistas que compõem música com tanta maestria me assustou, afinal quem acompanha a trupe e suas letras percebe com facilidade o toque genial que há nelas. Após isso, tive um susto ainda maior, onde quem defendia quem tinha escrito errado usava a música Zaluzejo como defesa, principalmente a citação:

“Acredito que errado é aquele que fala correto e não vive o que diz.”

Atualmente temos em nosso país uma educação precária por uma série de fatores, isso chega a ser um clichê, e nessa precariedade educacional tem se formado, inclusive em graduação, pessoas que não conseguem compreender um texto e muito menos escrever certo. Eu tinha um professor que dizia que texto não existe para ser interpretado, mas compreendido, porque se um texto tiver que ser interpretado não foi bem escrito. Partindo dessa premissa fica muito claro que a música não trata de grafia e sim de maneiras de falar. Qualquer pessoa que tenha tido uma educação formal tem noção que alguém que fala como a música exemplifica muito provavelmente não sabe escrever ou escreve precariamente, não frequentou escola, e arrisco por minha conta que não acessa face, twitter e outras redes. Portanto a música como desculpa é apenas uma muleta!


A letra em sua totalidade refere-se aos ditos populares e às palavras que comumente são pronunciadas de maneira errada, em sua grande maioria por pessoas de mais idade e para defender essa forma de comunicação alguns linguistas afirmam “que não há falar (no sentido de pronunciar) errado, mas sim escrever errado”. Por exemplo, eu sou “do interior do interior” e aprendi a pronunciar carro com som de um “r”, ou seja, “caro”. A professora de português dizia que era válido desde que fosse compreendido o que estava sendo dito e escrito de maneira correta. Durante toda a graduação outro Mestre em Língua Portuguesa, Celso, tinha a mesma premissa.
Já faz algum tempo que não frequento nenhuma instituição de ensino formal, mas acompanhando colegas que ainda estudam percebi com grande pavor que há muita dificuldade em escrever correto, bem como a preguiça de acentuar palavras porque o “word” faz isso e que usar termos comuns em redes sociais nos textos formais tornou-se algo constante. Falar correto, até falam, mas escrever não, o que remete novamente à música, afinal não saber escrever o que fala, para mim é como não viver o que diz.
Será que mudando o sistema educacional isso vai melhorar ou é uma questão cultural de uma geração sem muito comprometimento com nada?? Essa é outra pergunta constante quando observo, não só a escrita, mas também o comprometimento profissional da minha geração, mais já é tema para outro texto.

Vou aproveitar e divulgar a trupe porque amo competência com que compõem suas letras.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

The BIg Bang Theory



Nos meus raros momentos de vagabundagem, procuro algo interessante para entreter. Num desses momentos conheci a série The Big Bang Theory. A primeira coisa que me chamou atenção foi a Abertura:





Depois fui buscar a letra completa da música, achei realmente interessante. 

 

 

A HISTÓRIA DE TUDO
Barenaked Ladies

Todo o nosso universo estava em um estado quente e denso
Então há uns 14 bilhões de anos a expansão começou.
Espera...

A Terra começou a esfriar,
Os autótrofos começaram a babar,
Neandertais criaram ferramentas,
Construímos a muralha (construímos as pirâmides),
Matemática, ciência, história, desvendando os mistérios,
Tudo começou com o Big Bang!

"Desde o começo da humanidade" nem faz tanto tempo,
Já que cada galáxia foi formada em menos tempo do que leva pra cantar essa música.

Uma fração de segundo e os elementos foram feitos.
Os bípedes ficaram de pé,
Os dinossauros todos chegaram ao seu fim,
Eles tentaram escapar mas se atrasaram
E todos morreram (congelaram o rabo)
Os oceanos e a pangéia
Até mais, não ia querer ser você
Postos em movimento pelo mesmo Big Bang
Tudo começou com o Big Bang!

Está expandindo infinitamente mas um dia
fará as estrelas irem para o lado contrário
Colapsando para dentro, não estaremos aqui, não seremos feridos
Nossos melhores e mais brilhantes acham que fará um Bang maior ainda!

Australopithecus ficaria de saco cheio de nós
Discutindo enquanto pegavam veados (nós pegamos vírus)
Religião ou astronomia, Encarta, Deuteronomy
Tudo começou com o Big Bang!

Música e mitologia, Einstein e astrologia
Music and mythology, Einstein and astrology
Tudo começou com o Big Bang!
Tudo começou com o Big BANG!


Abertura completa:






Não gosto muito de comédias, normalmente acho que as piadas são de mau gosto, mas essa série tem algumas piadas inteligentes, coisa rara e que exigem do espectador um mínimo de conhecimento científico. Essa mistura inusitada me tornou fã. Faz duas semanas que começou a ser exibida pelo SBT nos sábados, mas não gostei da dublagem, prefiro a versão legendada. Então fica a dica para quem gosta de alguns clichês, está a fim de relaxar e não fazer papel de idiota se sujeitando a um programa sem nenhum nível de inteligência.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Criança(s)


 Esse é um texto bem pessoal que escrevi rapidamente e não corrigi antes de postar, me sinto um pouco ansiosa hoje, então peço que me perdoem pelos erros que certamente serão percebidos.


Ter criança em casa é mais do que um trabalho e uma recompensa afetiva, é lição de vida. Domingo de sol, um dia iluminado, com um calor gostoso. O meu pequeno não estava em casa, a tia o trouxe por volta de 16h. Antes disso eu e a minha pequena já tínhamos sentado na calçada tomar refri e comer bolachas enquanto nos maquiávamos como princesas.
O Henrique chegou, comeu umas bolachas, tomou um copo de refri e foi procurar na tv algum canal que passasse programa sobre animais. Encontrou um bem interessante e me chamou para assistir com ele. Em alguns momentos era legendado e eu nem tinha percebido, porque olhava para os animais com distração que certamente não ouvia a narrativa. Ele ficava irritado por não conseguir ler, aí me empenhei em prestar atenção, foi difícil, estava realmente dispersa e a Amanda passou o tempo todo se esfregando no meu colo feito gata siamesa e tagarelando.
Voltei para fora, me arrumei de forma confortável na cadeira e por acaso observei que as nuvens no céu moviam e direções opostas, com isso viajei por algum tempo, com intuito de tirar o Henrique da TV chamei o pra ver, ele não deu muita atenção, mas com não havia nenhum programa interessante ele veio com nós e uma verdadeira aventura começou.
Primeiro descobrimos na arminha de água dele uma aranha minúscula com ovos, tiramos muitas fotos e ficamos num dilema: matar ou deixar desovar? Por distração a coitada continuou vivendo. A Amanda trouxe alguns brinquedos que logo foram abandonados e substituídos pela imaginação.


Bem, a história começou, morávamos no mar, tínhamos uma casa confortável (fiquei imaginando que flutuava, mas não entrei em detalhes). Um pedaço de tijolo daqueles de seis furos era o jacaré rei que em todos os mares e o animal de estimação do Henrique, que era caçador, protetor dos animais (sim, um paradoxo, mas e daí?), era herói e atleta. Outro pedaço de tijolo daqueles maciço era um peixe que a gente comia todos os dias, um pedaço de tábua com um prego era o peixe prego que é o único no mundo que só é saudável pra comer frito (nessa parte ri muito). Por vezes a Amanda se tornava sereia, por vezes tirava a cauda e era minha filha. Me chamaram o tempo todo de vó, não entendi direito, mas deve ser porque eram adultos e... Melhor me conformar com essa ideia.
E essa brincadeira durou horas, mas horas mesmo, escureceu, eu fui pedalar e eles ainda brincaram um bom tempo antes de entrarem. Por não terem brincado com os brinquedos não queriam guardar, fiquei irritada e me perguntando: qual a verdadeira razão para comprar brinquedos para eles? E a resposta veio sem pestanejar: para satisfazer meu ego proporcionando uma alegria fútil e fugaz. Talvez por ter consciência disso que não brigo com a Amanda por maquiar as bonecas e por correr pelo quintal com elas nos braços. Provavelmente por isso brigo para o Henrique sair de dentro de casa e ir brincar, mas toda vez que faz isso é sem brinquedo, só com a imaginação.
Anotei isso porque quero ler próximo do dia das crianças e natal para tentar não me deixar levar pelo consumismo impregnado pela mídia. Vou tentar planejar uma comemoração que seja prazerosa para mim também (afinal tenho muito de criança, muitas carências) e que possa passar valor em ser, viver acima do ter e do comprar. Posso não conseguir, posso me frustrar e me render ao desejo de agradar ao invés de satisfazer, mas vou tentar.